sábado, 2 de abril de 2011

No Circo da Vida...

No circo da vida, baloiçando, rodopiando...

Em cima do arame, equilibrando os passos trôpegos do corpo e da alma!

Equilibristas eternamente à procura do ponto da gravidade

Contorcionistas desafiando o corpo

Palhaços dissimulando a alma...

Trapezistas fixos no olhar do salto mortal.

Trapézio de aplausos do medo vencido,

no circo da vida com estreia sempre marcada!


Graciete Belo Maciel


domingo, 2 de janeiro de 2011

A caminho do Amor


De forma diferente de vestir, algo exuberante, com feições que não são comuns, mulher habituada a ser cortejada, desejada, familiarizada, desde pequena, a que lhe falassem da sua beleza e a ser abordada e acarinhada com uma rainha, assim se apresentava, como era seu costume, todos os dias.
Sabia que por onde passava era notada, que onde entrava não passava despercebida.  Detentora de um olhar penetrante, discreta nas atitudes, tímida na abordagem a pessoas desconhecidas ou menos conhecidas, conquistou a alma de seus amados e viveu a paixão e o amor até ao limite.
Mulher de sentimentos profundos e duradouros, sempre acreditou, afincadamente, na plenitude que o amor tem de possuir, para ser amor!
Hoje, sabe que caminha segura na direcção do amor e que lá chegará...em breve! 


Graciete Belo Maciel

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Assim como o amor

Quadro: pintado por Graciete Belo Maciel


Quando o fogo enérgico se vai acumulando no interior sem dissipar, brota com uma intensidade desmesurada, parecendo não parar...assim como o amor!
Mas é este fogo que atinge o equilíbrio ao metamorfosear-se tranquilamente em águas calmas, perdurando aquecidas e tatuadas de fogo para sempre...assim como o amor!

Graciete Belo Maciel

domingo, 22 de agosto de 2010

Árvores asfixiadas


Árvores de raízes asfixiadas
Belezas definhadas, figuras esvaziadas...
Árvores na tristeza adormecidas, na dor inundadas.
Ao longe e ao perto, vidas perdidas
Acalentadas de renascer, vidas escondidas.
Assim são...todas iguais...aqui, ali, além...
Tristes árvores que nem o olhar detêm de alguém!
Dissipam a alma esmagando-a sem dela se alimentarem!
Fecham-se em circuito fechado nas mágoas ocultas
Nas iras mais íntimas, nos desejos reprimidos
Nos destinos entretanto perdidos
Que se dissimulam em máscaras no rotineiro quotidiano
No juntar das horas que o bater do relógio vai lembrando, constantemente...
Rasgos de cenários que caem e se levantam sem a cortina fechar (serenamente)!

Graciete Belo Maciel

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Silêncio

Brado os gritos que me restam
Despejo as palavras que me enchem
Esvazio as emoções que me sufocam
Murmuro os passos da minha jornada,
abrindo mão de meus segredos.

Não têm retorno as lágrimas que verto!
Convertem-se em pedras que no vazio caem
Nas poucas cinzas do cigarro que fumo
e que as pisam para que ninguém as veja.

Congelam o que sinto em azoto líquido
Evaporam meus ditos para lá do além
e afundam meu ser no esgoto do esquecimento.

Nada mais tenho!
Tudo dei ao silêncio...
Vazia de mim e cheia de silêncios
Embriago-me em poemas
Que julgo ser a Deusa!


Graciete Belo Maciel

terça-feira, 20 de julho de 2010

Abram alas ao amor

Cobiçado foi nosso inesperado encantamento,
Tão puro enamoramento!
Pensar que se tem iguais sentimentos aos que nasceram em nós,
É triste sina, desventura eterna, ilusão amargurada!
É remédio d’ alma temporário, com validade marcada,
Sem cura de feridas que a sangrar ficarão,
Aprisionadas, sem o querer do coração!
Quando não pudermos fugir mais indiferentes à voz da verdade que nos persegue
E nos ensurdece de tanto repetir, impiedosamente, nossas frases carregadas de tudo,
Fazendo-as passar constantemente na mente em rodapé;
Quando não podermos assistir mais indiferentes às imagens que se avolumam na memória
Galopando velozmente para cenários mais elaborados, mais detalhados;
Quando quiseres ver que a vida te fez de novo nascer para a ti regressares;
Então…
Nossos olhos se cruzarão sem fronteiras de temor,
E nossa alma denunciará ao mundo este adormecido ardor.
Abram alas ao amor…
E estendam as pétalas há tanto nos roseirais.
Tragam as estrelas cansadas de nossos olhares unirem,
Os mares que silenciados transportaram nossos segredos,
Todas as noites perdidas de pensares de querer e não ter,
Os dias passados entre a constante presença na ausência,
O tempo que teimosamente foi negado e abandonado.
Vejam como é feita a saudade!
Abram alas ao amor…
Que entrem os aromas dos campos, os cheiros da terra,
A ilha que nos fez encontrar!
Abram alas ao amor…
Que chegou agora mesmo da longa viagem!

Graciete Belo Maciel

domingo, 11 de julho de 2010

Veleiros que passam ou ficam


Sentada nas rochas basálticas da ilha
Sinto o calor que emanam,
Invadindo lentamente todo o meu ser
Que velozmente me deflecte o percorrer do meu pensar
Em veleiros que fui avistando em mar sereno a terra chegar.
Olho bem fundo nos olhos deste mar
Num olhar cúmplice de tamanha intimidade
Conquistado na privacidade dos dizeres,
Nos tempos que velejavam avidamente bem junto aos sentires
Em destemidos veleiros aventureiros
Que atracavam vindos do outro lado do mar,
De terras distantes que nunca pisei!
Alguns houve que os vi, um a um, a abalroarem-se
Em baixios rudes de míseros desfechos, sem fidalguia de navegar
Nas águas transparentes que abarcam o corpo da ilha, a alma da ilha.
Afundarem-se transbordando muito de nada em traçado jazigo!
Outros houve que se fizeram ao mar na inquietude de um porto de abrigo,
Cansados de terras inférteis que sopram ventos de pó
Que enlaçam seu destino construindo teias de nó em nó!
Inesperadamente marcadas nos mapas do destino sem previsão
Surgem rotas assinaladas pelo instituto sem explicação,
Onde velejadores exaustos de viagens já redescobertas,
Irremediavelmente desencantantes,
Enfadonhamente sufocantes, castrantes,
Chegavam extasiados, deslumbrados com descobrimentos nunca avistados
E há tanto já julgados perdidos nos anos que se sucedem conformados.
Recordo que me bradavam com avidez palavras que só eu as ouvia, as sentia, as conhecia …
Ora mais nítidas, empolgadas de genuínos poemas de amor,
Ora mais desvanecidas, timidamente esbatidas pelo rossio da dor vida.
Trazidas entre as vagas velozes de segundos e o aroma intenso e duradouro da brisa,
Nas vidas que as vagas as queriam unir, entranharam-se como a maresia!
Quedado, tal como eu nas rochas basálticas da ilha, detinha-se.
E fixava o olhar na fluidez deste mar sem formas,
A contrastar com a firmeza das rochas que me acolhiam.
Penetrados por este sedutor olhar nascido sem formas, sem voz,
Contagiados por sentires marcados bem de dentro de nós,
Amparados por nossos braços enlaçados,
Firmámos sentimentos, realidades, fragilidades…
Sentada nas rochas basálticas da ilha,
Senti a frieza gélida, cortante, que lhe impregnaram
De confusão e silêncio sem explanação que a razão nem descortina!
Sinto o coração, a alma e o corpo da ilha…
A ilha é pura!
Expressa-se sempre que a vontade o dita.
Não se tolhe, não se reprime.
Assim…
Estendo-me em veleiros sólidos feitos de certeza,
Abarco quem me cobre com laços de firmeza,
Beijo a alma de quem a tem na boca,
Sinto o corpo de quem tudo quer comunicar, em cada instante,
De quem sabe que só assim se vive!
Navego em outros mares…
Em mares bem fundos,
Em mares com infinito!

Graciete Belo Maciel

segunda-feira, 28 de junho de 2010

PINTURA E POESIA


Pintura: Graciete Belo Maciel

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quis o mar...


Quis o mar toda a noite chamar-me
Em prementes e derradeiros brados
Pra nas voltas da maré enrolar-me
E deixar-me onde parti!

Fiz-me esquecida, mar meu
Da largura de teus horizontes
Da fundura do teu poder, do teu apogeu!
Embaída de pequenez neguei teu aventurar.

Apanha-me exactamente no momento em que parti ...
Andar perdida em ti é soberba almejada!
Entro em ti ...
Que importa onde chegarei?!
Quero é que me leves!

Graciete Belo Maciel

domingo, 9 de maio de 2010

Ditos de Amor


Ditos de amor sentidos!
Quem não os teve?
Também os tive em meu tempo.
No momento são tão reais
No outro já não são mais!

Juras de amor eternas!
Quem não as teve?
Também as tive em meu tempo.
No momento são desmedidos sentimentos
No outro a traição aos juramentos!

O medo de no amor entrar!
Quem não teve?
Também tive em meu tempo.
No momento desfaleci perante tal amor galopante
No outro vi matar o sentir de rompante!

Graciete Belo Maciel

domingo, 25 de abril de 2010

E Depois do Adeus

Para mim, há sempre uma canção que marcou determinado momento da minha vida, para além de outras sensações ou recordações.

Para Portugal também houve. Há 36 anos, neste dia, a canção “E Depois do Adeus” conferiu o sinal de que este país estava pronto para ter um “Depois”. Assinalou, de forma indelével, um grande momento da História de Portugal. E esta canção será sempre assim recordada.

Para além disso, e porque gosto da mesma, independentemente do seu significado histórico, não quero deixar de lembrar grandes poetas, como o Ary dos Santos, o José Nisa, o Zeca Afonso, e outros, que compuseram letras de uma qualidade inquestionável.