terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Enquanto a Brisa...


Enquanto a brisa trouxer teus beijos
escapados e perdidos do destino
a pairarem na neblina que me persegue,
distantes dos desejos,
longe da vontade da vida,
e sentir no ar seu desatino,
abraça-me com a mente,
forte, fortemente!
Teus abraços eternos,
trepadeira permanente
que a mim se agarra afincadamente
às paredes sólidas dos instantes que nossos são,
às vozes que de nós correm velozes,
sucumbindo aos gritos das vidas que apenas se cumprem!
Que a aragem silenciosa que na noite se abateu
não tombe tão sentida trepadeira que cresceu
presa de fragilidades assentes na âncora mais profunda!
Abraça-me com a mente,
forte, fortemente,
enquanto na brisa teus beijos a mim não chegam,
enquanto a brisa trouxer a tranquilidade efémera
e não poder entrar na serenidade eterna,
nas cinzas do meu corpo!

Graciete Belo Maciel

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Eu Sabia....



Eu sabia que o anseio do nosso encontro,
no tempo desperdiçado, perdido,
tinha o rumo já traçado, bem definido
e...de ti desconhecido!

Eu sabia que o esperado encontro,
depois de meus olhos te verem,
seria um desencontro...
Um encontro adiado...
No tempo indeterminado!

Graciete Belo Maciel

sábado, 16 de janeiro de 2010

CAVALO Á SOLTA – Ary dos Santos



CAVALO À SOLTA

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve
breve instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Minha laranja amarga e doce
minha espada
poema feito de dois gumes
tudo ou nada
por ti renego
por ti aceito
este corcel que não sossego
à desfilada no peito meu.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante e amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

José Carlos Ary dos Santos

GAIVOTA - Alexandre O'Neill



GAIVOTA

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu meu coração.

Alexandre O'Neill

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Teus olhos, meus olhos...








Teus olhos meus olhos galgaram!
Inebriei instantes de êxtase eternos que se prologaram
e se quedaram. O relógio parou. Não vacilei! Fiquei!
E embebidos neste olhar uno, sincronizado, demorado...
Deslumbrados de encantamento neste mirar denunciador,
completámos tal quimera real de fulgor,
penetrante brilho de amor
a ditar palavras mudas saídas das estranhas,
do interior de nossas ilhas vulcânicas que abalaram sem previsão!
Teus olhos em meus olhos, tão grande alumiação!
Ó meu viajante que à ilha chegaste em vagas de maresia
trazendo ao meu mar a calmaria!
Nossos olhos claros, transparentes, verdes...
Verdes...acaso dos acasos que o acaso os ligou!
Abriram uma cratera verdejante de tamanha dimensão!

Graciete Belo Maciel

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ano Novo com este olhar...

Propositadamente quero começar este Novo Ano, desejando que se olhe as diferenças apenas como são: diversidade!

Desta forma, a Felicidade será mais abrangente, sem dúvida alguma.



Se nossos olhos virem a perfeição, que a vejam em todos nós.
Se nosso olhos virem a imperfeição, que a vejam em todos nós!
Não conheço ninguém que seja completo, perfeito!