quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Glicínia do Meu Jardim


A glicínia do meu jardim ficou sem vida.

Os dias curtos do Inverno apoderaram-se da luz que a fazia ser diferente.

Entraram no seu interior!

Injectaram doses de ácido abcísico letais

lentamente, muito lentamente…

E arrancaram as auxinas, as giberilinas e outras que tais

de devagar, muito vagarosamente…

E tudo lhe roubaram, tudo lhe tiraram!

Restou uns ramos emaranhados sem nada,

iguais a tantos outros sem nada

que sobre si se confundem,

que sobre si se enovelam!

Extorquiram a sua beleza diferentemente diferente

e deixaram-na dormente!

Pensativa ficou nas longas noites de Inverno sem fim,

como sem fim ficou o seu pensamento!

Desespero do reencontro perdido no tempo,

sufocado pelo traiçoeiro poder desmedido de tudo querer…

Mas … que tudo faz perder!

Perdida no tempo e no espaço ficou

e sozinha deambulou!

Vi o seu sofrimento, a sua dor.

Eu vi! Eu senti!

A obscuridade já desvaneceu,

O fotoperíodo venceu!

Na minha glicínia, já vejo as gemas.

E sei que virão, não as folhas, como em muitas outras

mas as flores que subtilmente surgirão

em arranjos diferentemente organizados,

emanando um aroma insólito

que longe se projectará.

De longe eu sei que irão ser diferentes como sempre o foram.

De longe eu sei que serão só flores.

E que sempre quiseram ser apenas … só isso!

Apenas flores!


Graciete Belo Maciel

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma faceta pouco conhecida de Charles Darwin

Charles Darwin é um exemplo “vivo” de quem seguiu os seus sonhos e passou-os a verdades incontestáveis.


Admito que foi com alguma admiração que li este pequeno excerto que abaixo transcrevo. Além do mais, está impregnado de várias concepções ou pensamentos que me parecem dignos de serem lidos e reflectidos.


“Se tivesse de viver outra vez a minha vida, teria feito uma regra para ler alguma poesia e ouvir alguma música pelo menos uma vez por semana; é que talvez as partes do meu cérebro actualmente atrofiadas se tivessem mantido activas com o uso. A perda desses gostos é uma perda de felicidade e possivelmente é prejudicial para o intelecto e mais provavelmente para o carácter moral, ao debilitar a parte emocional da nossa natureza.”

Charles Darwin

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Choro

Choro por quem amei,
choro por quem nunca terei!
Não sei qual dor a maior!
Se por quem terminei,
se por quem nunca comecei!
Tantas foram as lágrimas inférteis que derramei
que na razão serenamente as esquecerei!
E desaparecidas ficarão, sem argumentação, sem razão!
Mais uma lágrima vertida que se rapidamente se infiltraria neste chão arenoso?
Neste chão feito de amor que se fez penoso?
Não! ... E não!
Mais uma lágrima minha seria pecado meu!
O maior que alguma vez cometeria!
Choro então por quem pisou os mesmo passos que eu,
por quem viveu no mesmo espaço,
com passos descompassados dos meus no tempo!
Choro por quem entrou no meu íntimo espaço,
no meu presente e no presente do tempo,
longe na distância!
Foi o tempo ... é a distância!
E agora que finalmente nos encontramos,
unidos no mesmo tormento, unidos no mesmo sentimento,
choro por quem nunca possuirei,
por quem obstinadamente se entrega ao sofrimento
e insiste em cumprir eternamente este padecimento!
Quão inúteis são as minhas lágrimas!
Ninguém as vê, ninguém as sente,
ninguém as enxuga do meu rosto!
Porque choro?
E a razão a gritar-me constantemente para não lacrimejar
por quem não tem a audácia de na estrada errada atrás voltar,
por quem de mim foge quando lá vou parar,
e que continua absorto nesta bafagem que mais ventosa se irá tornar!
Se minhas lágrimas lavarem minh’alma
e parar forem onde não as veja,
arrastando este desgovernado sentir,
enterrando-o bem fundo para todo o sempre,
estarei já noutro caminho que me deseja!
E então as lágrimas sofridas se transformarão
e no ciclo da água entrarão ... evaporar-se-ão!
Quando sentires a chuva no teu rosto,
serão as minhas lágrimas que nele cairão!
E eu não estarei lá para enxugá-las!

Graciete Belo Maciel

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Acredito...

... que tudo se simplifica, quando o fazemos tal como em “My Way”, quando seguimos o que a Alma nos dita.


“And now the end is near…” quando não podemos dizer que “I did it my way”!


sábado, 1 de agosto de 2009

Este registo

Desconhecia Paco de Lucía neste registo. Como sempre gostei desta música e deste músico, foi com grande admiração e, simultaneamente, com grande vontade de ouvi-la, por este grande intérprete, que o fiz. Os acordes da guitarra de Paco de Lucía, neste dia primeiro de Agosto, têm também um significado marcante para mim!