domingo, 22 de agosto de 2010

Árvores asfixiadas


Árvores de raízes asfixiadas
Belezas definhadas, figuras esvaziadas...
Árvores na tristeza adormecidas, na dor inundadas.
Ao longe e ao perto, vidas perdidas
Acalentadas de renascer, vidas escondidas.
Assim são...todas iguais...aqui, ali, além...
Tristes árvores que nem o olhar detêm de alguém!
Dissipam a alma esmagando-a sem dela se alimentarem!
Fecham-se em circuito fechado nas mágoas ocultas
Nas iras mais íntimas, nos desejos reprimidos
Nos destinos entretanto perdidos
Que se dissimulam em máscaras no rotineiro quotidiano
No juntar das horas que o bater do relógio vai lembrando, constantemente...
Rasgos de cenários que caem e se levantam sem a cortina fechar (serenamente)!

Graciete Belo Maciel

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Silêncio

Brado os gritos que me restam
Despejo as palavras que me enchem
Esvazio as emoções que me sufocam
Murmuro os passos da minha jornada,
abrindo mão de meus segredos.

Não têm retorno as lágrimas que verto!
Convertem-se em pedras que no vazio caem
Nas poucas cinzas do cigarro que fumo
e que as pisam para que ninguém as veja.

Congelam o que sinto em azoto líquido
Evaporam meus ditos para lá do além
e afundam meu ser no esgoto do esquecimento.

Nada mais tenho!
Tudo dei ao silêncio...
Vazia de mim e cheia de silêncios
Embriago-me em poemas
Que julgo ser a Deusa!


Graciete Belo Maciel