segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tudo corre...

Mergulhada em ti estou...
Contigo me deito, contigo acordo!
Passam os dias, passam as noites,
corre o tempo indiferente e acelerado.
Os instantes, os momentos, os dias...
O turbilhão do dia-a-dia.
A vida apressadamente a fugir...sem nós!
Tudo corre...
Pena não levar o meu sentir!
Tudo deixa...
E mais cava este abismo sem fim à vista
que me cega e deixa sem vista!
E empurrado corre o tempo, em contratempo!
Engendrado nas dúvidas da insegurança, no redemoinho
de tão incerto pensar, de decidir demorado,
correu o tempo mais apressado!
Derrubou tudo o que havia sido confidenciado!
Que ninguém de mim se acerque
para extorquir meu sentir!
Assassinos do tempo, não vedes o que fazeis?
Tempo inquinado, tempo adiado!
E eu...no fundo de mim, contigo!

Graciete Belo Maciel

domingo, 11 de outubro de 2009

Revolta

Quem dera que a tua dor fosse igual à minha!
Tão tranquila ficaria com a minha mágoa.
Que companhia tão desejada e esperada.
E mais a minha dor se atenuava, se soubesse que por mim sofrias.
E então poderia também por ti sofrer.
Como me sentiria grandiosa se pudesse partilhar as tuas dores.
Quanto me aliviaria!
Mas silencias o que sentes e nada de ti sei.
Sinto-me revoltada!
Esta agonia que me cobriu e insiste continuamente em não me largar,
se lhe desse a beber o teu sentir talvez ela se embriagasse!
E então ficaria calma e serenamente à espera que um dia
lentamente se fosse embora, assim...
Sem me dizer adeus, assim...
A vê-la partir devagarinho,
a esvair-se em fumo que bem alto subiria
e...para sempre desapareceria!

Graciete Belo Maciel

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amizade...

De Pedro Abrunhosa, aprecio a sua formação musical, muito bem expressa nas notas que do piano escapam pelas lindas melodias que compõe, juntamente com as letras fantásticas que fazem chegar estas notas musicais ainda mais longe.
Confesso que quando o vi actuar ao vivo, as minhas expectativas foram superadas, porque a sua voz, com características muito peculiares, e que nem sempre me agradou, ficou não sei se diluída na sua interpretação, se quando ao piano se sentava ou se quando me perdia na força das palavras. Muito provavelmente terão sido todas.

E uma das que cantou com letra em poema, que me absorveu arrastada pelo encanto da música, foi a que aqui vos trago.




E como nós somos naturalmente seres que, desde muito cedo estabelecemos relações com os demais, e é a amizade que faz perdurar no tempo as mesmas, que ouçam com atenção a letra desta música.

domingo, 4 de outubro de 2009

Destino...

Não, não acredito no destino.
Há circunstâncias na vida que nos podem fazer pensar, intuitivamente, que ele nos anda a rondar! Isso posso aceitar, numa primeira leitura.
Mas como mulher de ciência que sou, com uma componente espiritual vincada e patente me que complementa, entenda-se no seu sentido lato, que é mais abrangente do pensamos, que não se resume à religiosidade, e que não tem até necessariamente de a englobar, e esta minha parte espiritual permite-me que tenha liberdade!
O passo que a seguir dou, é sempre a minha escolha. Não é a de um qualquer destino!
Perante situações concretas, o destino apenas serve para tentar explicar o que não entendemos. Sempre assim foi, e a história da humanidade mostra-nos precisamente isto. O que nos acontece ou que vemos ocorrer, muitas vezes resulta precisamente de um conjunto de factores ou circunstâncias, que casualmente se agrupam e que levam a um determinado desfecho.
Mas a evolução das espécies não nos diz precisamente isso?
Poderia ter ocorrido noutro sentido, se os factores que hoje conhecemos não se tivessem conjugado como o fizeram. Sabemos que muitos factos que poderão ser mais ou menos enigmáticos, conforme a amplitude da nossa espiritualidade e do nível de conhecimento de cada um de nós, são explicados pela ciência. Outros há ainda, que a mesma ainda não está desenvolvida por forma a dar-nos uma resposta. Mas certamente que daqui a uns anos, não sei se muitos ou poucos, não tenho dúvidas que a mesma dará.
O destino também é utilizado para desculpar-nos, quando não queremos usar a liberdade da nossa espiritualidade ou quando não queremos ou podemos fazer escolhas.
Como vamos enfrentar estas circunstâncias independentemente da sua origem?
Depende só nós. De mais nada!
Para mim, elas não são mais do que evidências ou factos que nos são colocados e que nos impulsionam ao confronto e, muitas vezes, também à reflexão. Perante os mesmos, temos que agir. Esta é a minha certeza!
Quando digo agir, englobo a aceitação e a não aceitação.
E parece-me que é nesta dicotomia que reside a grande questão.
Se nada pudermos fazer contra estas circunstâncias que nos são colocadas, só nos resta aceitá-las com passividade e prosseguirmos o nosso percurso obviando ou melhorando, conforme a situação.
Se pudermos fazer algo, é unicamente uma oportunidade que nos foi dada. Se a queremos, que a agarremos, este é o momento! Se não a queremos, que se rejeite para sempre! E prossigamos…
Quando não usamos a nossa espiritualidade, perdemos a nossa liberdade e deixamos de ser quem somos!
As probabilidades de alguém ou alguma circunstância decidir por nós aumentam e, por vezes, somos levados para onde não queríamos!
E aí estando, tudo se complica e assume proporções em forma logarítmica! E, assim sendo, mais nos desencontramos e sem identidade ficamos!
Nada de nós, então nos resta!
Não, não é o destino! Somos nós!