quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O mar e eu

Estou serena.
Vejo visivelmente o que sinto na grandiosidade e na transparência da água do mar.
Somos nós dois sós!
Eu com sentimentos e tu com imagens nunca vistas, em momentos tão íntimos e cúmplices.
Vejo o teu horizonte tão bem definido, fazendo-me crer que do teu fim se trata. Mas eu sei que para além dele estás!
E a minha visão em ti concentrada, apercebe-se que conquistas as rochas que tocas e que amorosamente as beijas e não as deixas.
Não és duro, nem estático como elas!
Nem atraiçoas como as pedras que parecendo sólidas e firmes, tombam em instantes, arrastando pesos dolorosos!
É lá bem distante, onde fica o teu horizonte feito real de ilusão e feito imaginário de sonhos que nunca a ti chegaram, o céu, acima do teu limite ilimitado, vem até mim silenciosamente, e aos dois nos envolve. Qual abraço de aconchego e entendimento!
Não tenho amante como tu, que sinta o que sinto, no mesmo instante, e que fique tanto tempo a revelar-se, sem nada temer, sem nada pensar, sem nada pedir, sem nada querer.
Só tu, tão-somente a viver o tempo que acontece e que passa e que nunca será igual!
E tu bem sabes que os instantes nunca se repetem!
Quem já te viu a retratares-te de igual?
Denuncio-me ao fixar-te e ao percorrer-te na ânsia de encontrar o teu interior, de perceber de onde vêm tantas cores e tantos brilhos.
Identificas-te de azul, mas encontro vermelho, lilás, amarelo, laranja, castanho, verde, turquesa...e metalizas-te de prata, oiro, bronze, cobre...
E quantas as nuances mescladas a fundirem-se umas nas outras, sem que ninguém, ao primeiro olhar, as distinga?
Quanta simplicidade ao assumires-te, apenas, de azul!
E nunca és indiferente ao que te rodeia, porque estou precisamente a observar a partilha que com o sol poente fazes. Mais belo ficas!
Embora tenhas permanecido tão pouco tempo com ele, porque já não mostras as cores quentes e alegres que tinhas, espelhas um azul empalidecido, serenamente.
Contudo, ficaste mais majestoso, mesmo depois de teres ficado só!
Quão bem sabes enriquecer-te ao absorveres e reflectires o que de dentro de ti te aflui naturalmente!
E aí te quedaste, feliz!
Para quê não mostrares os teus reflexos, os teus brilhos, o segredo da mistura das tuas cores, os movimentos que impulsionas quando com o vento te encontras, as diferenças que te marcam?
Tu tens a sábia arte de tão bem saber que só te aprecia e enaltece quem para ti sabe olhar e demoradamente parar.
E continuas, descansadamente, assim...
Sem te preocupares se amanhã terás ou não o que tivestes, se sentirás ou não o que sentiste...
Estás tranquilo e calmo, porque sabes que serás sempre o mesmo, hoje, amanhã e depois...
Já não te vejo!
Mas sei que se para perto de ti for, tu lá estás. Irás sempre receber-me.
Quanto contentamento dás a quem te quer!
É a simplicidade a fazer-se grandeza e a grandeza da simplicidade a acontecer!
E isto vê-se quando reflectes as imagens que te ti saem!

Sem comentários:

Enviar um comentário