quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O mar tem longe


Do oriente do meu mar,
enrolado nas ondas das palavras,
sem que soubesse, sem que quisesse,
chegou o sentir de alguém.
Trouxe a pureza das águas límpidas do meu mar,
a força do sentimento vinda do fundo,
do seu interior!
Qual vulcão adormecido,
que explodiu despojado de imagens,
só pelo poder das palavras!
A lava em mim solidificou
e agarrada ficou!
Pedra firme se tornou!
Mas que desventura me assolou!
O mar não me deixa amar!
O mar … o mar que sem ele não vivo,
agora … não me deixa viver!
Nem a linha do horizonte avistar!
Quer o meu sonho matar,
o meu querer, o meu sentir
e tudo o que me restar … a minha alma!
Só o chorar me deixou!
Mostrou-me a sua soberba imensidão
e disse-me que o longe existe.
E existe … existe, lá está!
Vaguei à procura de rumos … e a rastejar fiquei, à sua beira!
Não me deixa partilhar sozinha contigo,
este instante, este momento,
nem outro instante, nem outro momento!
E que tamanha vontade tenho!
É da mesma grandeza do mar,
do mesmo intenso desejo da sua força!
De bem juntinha a ti estar,
também contigo a chorar,
também contigo a sofrer,
também contigo a amar!
Apenas posso, sozinha chorar!
Lágrimas ocultas e lágrimas choradas,
lágrimas de dor e sofrimento,
mergulhadas e saídas das ondas da incerteza
que chegam e partem do meu pensamento.
Se num momento ao teu lado estou,
no outro, a maré já o levou!
E fica a gélida tristeza,
que o mar é realmente feito de longe,
de uma lonjura que afoga os sonhos
e não os deixa a ti chegar!
E eu … não o posso vencer!
Será que o mar me sussurra
e me quer confidenciar que nunca,
que nunca contigo estarei?
Será isto que me quer dizer?
Será verdade?
Quem me responde (?)!
E eu … nada sei!
Nada posso fazer!
Dói-me tanto a tua ausência!
O pensar que para todo o sempre te perderei!
Dói-me tanto, amor!
Resta-me apenas submergir com o meu tesouro
e levar comigo a chave.
Que nunca ninguém o descubra!
Porque chorarão e sofrerão,
tal como agora o faço, e dirão:
- Que amor tão puro e tão grande
que se perdeu nas águas do mar!
E com memórias da alma,
continuo a sofrer e a chorar de amor.
É o que guardo de ti!
O mar assim o ditou!

Graciete Belo Maciel

3 comentários:

  1. Entramos bem em Setembro, o meu mês de eleição, o poema enquadra-se muito

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  2. Olá FLA, fico muito contente por ver-te por aqui.
    E ter ido de encontro ao que se enquadra no teu mês de eleição, deixou-me ainda mais contente. Sinal que as palavras vão longe e para além de mim.

    Adorei a forma original como comentaste.
    Bjs

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